Em 2002 era um outro Lula, livre de rabo preso e defensor das liberdades, votei nele e também votei para a reeleição. Acontece que, depois desses dois mandatos, o cenário político brasileiro foi marcado por uma série de investigações e escândalos de corrupção, culminando na Operação Lava Jato, que revelou um esquema bilionário de desvios e propinas envolvendo a Petrobras, políticos e empresários.
O ex-juiz Sergio Moro, que ganhou notoriedade por conduzir processos da Lava Jato, acabou se tornando uma figura controversa. Para uns, um herói no combate à corrupção; para outros, um agente político que atuou com parcialidade. As revelações do site The Intercept Brasil em 2019, conhecidas como “Vaza Jato”, colocaram em xeque a imparcialidade de Moro, mostrando conversas privadas que sugeriam uma possível colaboração entre o então juiz e os procuradores da força-tarefa, com o objetivo de influenciar o processo e a opinião pública.
As “barbeiragens” mencionadas pelo leitor podem se referir a essas ações questionáveis de Moro, que acabaram por manchar sua reputação e a da própria operação. Além disso, a decisão de Moro de aceitar o cargo de Ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro, após ter condenado Lula — o que o tornou inelegível na eleição de 2018 —, foi vista por muitos como uma confirmação de seus interesses políticos.
Essa percepção foi reforçada quando Moro renunciou ao cargo de ministro, alegando divergências com o presidente, e posteriormente se lançou como pré-candidato à presidência da República. Para o leitor que expressa sua decepção, as atitudes de Moro podem ter representado uma traição aos princípios da justiça e da imparcialidade, elementos que ele próprio havia defendido como juiz.
Portanto, a declaração do leitor reflete um sentimento de desilusão com a trajetória de Sergio Moro, que, de símbolo do combate à corrupção, passou a ser questionado quanto à sua conduta e motivações.
Fonte: Folha