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Condomínios da Roma Antiga: Luxo Invertido para os Antigos Pobres

Na Roma Antiga, o conceito de condomínio residencial, tal como conhecemos hoje, já era uma realidade, embora com características distintas das atuais. Esses edifícios, conhecidos como "insulae", eram projetados para abrigar a população menos abastada da sociedade romana. Diferentemente dos modernos empreendimentos imobiliários no Brasil, onde os andares mais altos são frequentemente considerados os mais desejáveis, na Roma Antiga, os melhores apartamentos localizavam-se no primeiro pavimento.

A preferência pelo térreo deve-se a razões práticas: o acesso à água e ao esgoto era mais fácil. Naquela época, sem os sistemas de bombeamento de água e elevadores que temos hoje, morar nos andares inferiores significava evitar o esforço diário de transportar água e outros itens essenciais para cima, além de estar mais distante dos problemas comuns nos andares superiores, como o acúmulo de fumaça e a dificuldade de evacuação em casos de emergência.

Os andares superiores das insulae eram menos desejáveis e, consequentemente, mais acessíveis financeiramente. Esses espaços eram menores, mais lotados e com infraestrutura menos desenvolvida, o que refletia a estratificação social da época. A qualidade de vida diminuía à medida que se subia os andares, e os mais pobres ocupavam os pisos mais altos.

Essa organização residencial da Roma Antiga nos permite refletir sobre como as necessidades e os valores de uma sociedade podem influenciar a arquitetura e o planejamento urbano. A localização e a qualidade dos apartamentos nos condomínios antigos eram determinadas pela proximidade com recursos essenciais e pela facilidade de acesso, enquanto hoje outros fatores, como a vista e a exclusividade, tendem a definir o valor de um imóvel.

O comportamento ideal em relação ao planejamento habitacional, tanto na antiguidade quanto na contemporaneidade, deveria considerar a equidade e o bem-estar dos moradores. A arquitetura e o urbanismo devem buscar soluções que atendam às necessidades básicas de todos, promovendo uma qualidade de vida digna, independentemente da posição social. Isso requer uma reflexão contínua sobre como nossas construções e comunidades podem ser inclusivas, sustentáveis e adaptadas às necessidades de seus habitantes.

Fonte : Folha

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